Por António Ribeiro em Ouvir o Cidadão
Coimbra é farta em pedir... o pior é em cumprir. Vem isto a propósito de ter sido reivindicada para a Igreja de Santa Cruz a qualidade de Panteão Nacional, a exemplo da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa.
O estatuto de Panteão Nacional foi reconhecido ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, em Agosto de 2003, pela presença tumular dos dois primeiros reis de Portugal, D. Afonso Henriques e D. Sancho I. Até aqui tudo bem, sendo mesmo de louvar que esta tenha sido uma reivindicação ganha, e, são tão poucas, que esta ganha mesmo redobrado orgulho, até pelo relevo que alcança do ponto vista histórico-cultural e pelas consequências que poderiam daí reverter para a indústria do turismo.
É que, de facto, Coimbra não merece o que tem e lhe é dado de bandeja. Curiosamente e, ao contrário do Panteão Nacional situado em Lisboa, que é um local de "culto", com honras militares e de dignidade insuspeita, o nosso Mosteiro de Santa Cruz, aonde repousa o primeiro rei de Portugal, é palco isso sim, de "pedinchice", cenário para manifestações "folclóricas" e "cantantes" de duvidosa graça e cultura, comícios e até de uma verdadeira obra de mau gosto, paga pelo dinheiro dos contribuintes com a ajuda de dinheiros europeus com um "Pai Natal" a entrar por uma chaminé em frente de uma Igreja católica.
O espectáculo dado assistir durante o dia é de todo deprimente, com turistas, eles próprios envergonhados do que lhes é dado ver, num local cujo simbolismo lhes é evidenciado e sugerido como ex-libris da cidade.
Pedir-se dignidade para aquele local é tão pouco e exige tão poucos recursos que dói o desaproveitamento. Ao menos que as forças militares ou para-militares, a exemplo do que é feito noutro qualquer Panteão Nacional, "guardem" aquele monumento e fundamentalmente o seu maior significado. Ao menos haja vergonha !
António Ribeiro em Ouvir o Cidadão
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